Capa do livro História de trabalho

Capa  do livro História de trabalho
O livro onde foi publicado o texto Minuto de Fama

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

CADE O NOEL ROSA

Esta aconteceu de verdade e foi neste ano de 2008 na gravação de um programa musical onde um grupo de musicos tocaria as músicas de do falecido compositor Noel Rosa. O ancora do programa fez uma indrodução falando do programa e que o grupo regional cantaria músicas de Noel Rosa, nisto o Diretor de imagens muito ligado no assunto pergunta nos fones aos câmeras:
_ Cade o Noel, me mostra o Noel, rápido enquadra o Noel!
Os câmeras se olharam e não acreditaram no que estavam ouvindo. Um deles respondeu a pergunta:
_Olha, Acho que o Noel Rosa não veio!
_Como não veio, gritou o diretor de imagem completamente indignado, assim não é possivel trabalhar, quem este Noel pensa que é. Como o Noel não foi encontrado a gravação parou.
O apresentador perguntou por que programa havia parado. Os câmeras disseram que não sabiam de nada. Então o diretor totalmente indignado falou nas caixas de retorno dentro do estúdio:
_Paramos o programa por que faltou um convidado, ora!
_Qual convidado que não veio, perguntou surpreso o apresentador, olhando para o grupo de músicos na sua frente.
_O Noel!
_Que Noel?
_O Rosa ora! O tal de Noel Rosa!
Foi coisa de segundos, de repente todos começaram a rir. Tanto que o programa demorou para recomeçar, e cada vez que se falava no nome do Noel, alguém começava a rir.
Apenas para esclarecimento: O Noel não apareceu para gravação.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

GENTE QUE FAZ/ Bastidores

_ATENÇÃO, grita o Assistente de Estúdio. O programa vai começar logo, todos em suas posições.

De repente o silencio reina absoluto. Todos os que estão no estúdio começam a se posicionar.

Diretor : (falando nos fones com os operadores de câmera) _Câmera 1, começa na tua.Vem com o enquadramento aberto e vai fechando ate o apresentador, depois me dá um contra-plano. Câmera 2 fica no plano geral com todo o mundo em quadro. Só mexe quando eu te pedir. Câmera 3, o entrevistado é teu, fica ligado nas expressões dele, se ele se comover, pode fechar mais o enquadramento. Por enquanto é isto. Depois eu vou falando as câmeras conforme a produção for pedindo.

Assistente de estúdio: 30 SEGUNDOS

.............20 SEGUNDOS.

......10 SEGUNDOS

ATENÇÃO, 5...,4....,3.....,2......,1.. Ta no AR.

Apresentador: _ Nestes 10 anos do programa Gente que faz, já entrevistamos pessoas de todas as áreas, da cultura, da economia, da política, em fim, milhares de entrevistas foram feitas, mas pela primeira vez uma entrevista diferente de todas as outras, vamos entrevistar um colega que trabalha atrás das câmeras e que vocês nunca viram. Estou falando do nosso colega AJS que vocês estão vendo ai,( close do cinegrafista operando a câmera) e o A.J.S além de cinegrafista também é escritor e ganhou um premio e teve um dos seus textos publicado em um livro, então queria convidar o colega a sair de trás da câmera e vir aqui ocupar o lugar de convidado com muita honra.

Diretor: Câmera 2 mostra o apresentador saindo do cenário e recebendo o convidado. Câmera 1 mostra o convidado saindo da câmera ate ele chegar no cenário.

Produtor : (falando no ponto eletrônico) pergunta se ele ta nervoso.

Apresentador: Muito nervoso?

AJS: Bastante!

Apresentador: É mais Fácil ali atrás do que aqui, não é?

AJS:É verdade! É outra realidade.

Diretor : Câmera 1, vai fechando nele que ele ta ficando emocionado, não perde este take pelo amor de Deus. Atenção G.C pode colocar o nome do convidado e depois pode colocar o do apresentador.

Apresentador: Fique tranqüilo que gente esta super contente em saber que um colega nosso aqui da televisão foi premiado no concurso literário Histórias de trabalho com este livro que tenho em mãos.

Diretor - (câmera 3 mostra o livro na mão do apresentador.) .

Apresentador: Fale do texto que você escreveu e que foi premiado neste concurso literário.

AJS: A historia começou a nascer depois de uma matéria que fiz no Interior da Vila Cruzeiro do Sul, onde ladrões em fuga da policia invadiram uma casa e fizeram os donos de refém. Encurralados exigiram a presença de uma equipe de televisão para se entregarem.

Cheguei ao local perto das duas da madrugada. Assim que comecei a gravar vi que um dos homens abriu um vão da porta e gritou alguma coisa que não consegui entender. Ele acenava para que me aproximasse. Queria ter certeza de que não era um truque da policia para captura-los. Pediu para eu mostrasse a credencial de imprensa.

Apresentador: Mas e ai o que tu fez. Chegou perto e mostrou a credencial para o bandido?

AJS: Eu estava muito distante e não conseguia distinguir as pessoas dentro da casa. Necessitava ter mais detalhes. Ele gritava que queria ver a minha credencial. Quando percebi estava entre os bandidos e a policia. Cheguei perto dele e estiquei o braço com o crachá para que ele pudesse ver que eu era eu mesmo e não um policial disfarçado.

Produtor : pergunta se ele sentiu medo na hora.

Apresentador: Tu sentiu medo naquela hora?

AJS: Na hora que estou trabalhando não sinto medo de nada.

Apresentador: Mas não temer o perigo pode provocar atos desmedidos. Isto é bom ou ruim no teu ponto de vista.

AJS: Em alguns casos é bom. E não me arrisco.Em outros, como neste caso, eu tive que me expor ao perigo. O engraçado nessa historia foi o modo como seqüestrador olhou examinou crachá da TV. Me lembrei do Quebra galho, o porteiro da Globo, quando ele brinca dizendo cara crachá, cara crachá, e olhando ora para a pessoa , ora para o crachá.

Apresentador : Este foi um momento de descontração no meio daquela confusão toda?

AJS: É na hora não vi a graça da situação. E se ele desconfiasse de alguma coisa, eu poderia ter me dado mal na hora. Assim que eles viram que eu era realmente um representante da imprensa, concordaram em se entregar.

Apresentador: E a policia o que fez na hora?

AJS: Eles ficaram de longe e quando viram que fui identificado, um dos policiais gritou para eles que a Imprensa já estava no local conforme combinado e que agora podiam se entregar e que nada lhes aconteceria. Os bandidos abriram a porta e soltaram os reféns, depois largaram as armas no chão e colocaram as mãos na cabeça.

Apresentador: Depois que termina um trabalho desses, como é que fica o sistema nervoso. Tu costumas fazer alguma coisa para relaxar ou já faz parte da rotina ?

AJS: No começo eu tinha um certo receio de me envolver nas cenas perigosas. Depois me dei conta de este era o meu ganha pão, é diferente de qualquer outro tipo de trabalho, enquanto a maioria dos trabalhadores tem carga horária definida, eu dependo de que aconteça algum incidente na cidade, um incêndio, uma perseguição de bandidos, uma rebelião no presídio, um acidente, qualquer fato bom ou mal que possa virar noticia.

Apresentador: Mas porque resolveu enviar para o concurso contando o teu trabalho de cinegrafista.

AJS: Eu aproveitei a oportunidade para tentar mostrar a todos como é trabalhar em televisão. Poucas vezes o trabalho de quem esta atrás das câmeras é mostrado. As pessoas em casa quando assistem a seus programas preferidos, não questionam quem é que esta por detrás das câmeras. Por exemplo, se eu estivesse agora atrás da câmera, estaria recebendo pelos fones as ordens do diretor de imagem para fechar mais o enquadramento, cair para esquerda, fazer uma panorâmica, tirar teto, fazer uma dolly com travelling, dar um contra-plano, zoom...etc, são termos técnicos pertinentes ao meu trabalho. E queria falar também dos meus colegas que estão aqui no estúdio e la em cima no suíte.

Apresentador: Você se importa de citar quais são os profissionais envolvidos neste programa, para que o nosso telespectador tenha noção de quem são estes profissionais. ?

AJS: Aqui no estúdio tem operador de câmera, ou camera man, como quiserem, operador de microfone, operador de áudio, iluminador, contra-regra, assistente de estúdio, operador de cabo, ou cabo man, cenógrafo, maquinista, técnico, assistente de produção, e é claro, não poderia esquecer do apresentador que brilhantemente me entrevista..

Apresentador: E la em cima na central, se não me engano, têm a produtora, o diretor de imagem e quem mais?

AJS: A produtora é responsável pela execução do programa e é quem trabalha diretamente com o Diretor de imagem que é o que seleciona as imagens que vão pro ar. Depois tem o operador de vídeo, que controla a qualidade que vai pro ar, o operador de caracteres, ou GC, que coloca os créditos nos programas, o operador do TP, que movimenta o texto que fica na frente da câmera e o apresentador lê, o operador de VideoTeipe, que controla as maquinas de gravação e reprodução usados nos programas, o operador de áudio, que opera a mesa de áudio durante as gravações e transmissões. Espero não ter esquecido ninguém, mas agora todos sabem que trabalhar em Televisão não é mole não.

Apresentador: Para encerrarmos o programa, diga o que é trabalhar em televisão?

AJS: trabalhar em Televisão é mais do que uma profissão, é uma paixão.

Apresentador: Eu não vou dizer obrigado pela tua presença, porque tu estas praticamente todos os dias aqui, fizeste a tua estréia hoje diante das câmeras, sorte e sucesso. Valeu, a gente se encontra amanhã para mais um novo programa. E se vocês gostaram agradeçam a esta gente que faz a TV que você vê. Uma boa noite para todos.

Diretor: Câmera 2 vem abrindo pro plano geral para passar o Hool. Câmra 1 e 2 estão liberadas . Obrigado a todos.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

CURRÍCULO LITERÁRIO

Formação Acadêmica

Primeiro semestre da graduação em Letras – Faculdade – UNIRITTER/ POA

Experiência Profissional

Televisão Gaúcha / RBSTV

Cargo: Operador de câmera / Cinegrafista

Oficinas literárias

· Oficina de Contos do Projeto Histórias de Trabalho, realizado pela Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, no ano de 1998. Oficineiros: Charles Kiefer, Maria Luiza Bonorino Machado e Cínara Pavani.

· Oficina de Roteiro promovida pelo Palcohabitasul dentro do projeto Prêmio de Montagem Cênica com orientação de Vera karan.

Seleção em Concursos literários e textos publicados em livros

· Convite para participar do projeto Histórias Curtas RBSTV com o Roteiro Beijo Roubado.

· Conto selecionado no Concurso Habitasul Revelação Literária na Feira na categoria conto.com com o texto intitulado “ O ÚLTIMO QUE SAIR APAGUE A LUZ”.,

· Conto “ MIINUTO DE FAMA” selecionado e publicado no livro Histórias de Trabalho 2004.

· Poesia “TUDO NESTA VIDA PASSA” selecionada no Projeto Poemas no Ônibus 2006, em Porto Alegre, e será publicado em uma coletânea.

· As Poesias ” INCONFORMIDADE e LUA SOLIDÃO” foram selecionadas no concurso Poemas no Ônibus 2007, da cidade de Novo Hamburgo.

Participação da coletânea anjos de prata

SITES: www.recantodasletras.com.br/autores/leaopardo

www.anjosdeprata.com.br procure pelo nome Adão Jorge

www.usinadeletras.com.br

e-mail: adaotcom@zipmail.com.br / leaopardo@yahoo.com.br


quinta-feira, 7 de junho de 2007

MINUTO DE FAMA


ESTE TEXTO FOI SELECIONADO NO CONCURSO HISTÓRIAS DE TRABALHO 2004 DA SECRETARIA DE CULTURA DE PORTO ALEGRE.

- Chegou a Imprensa, gritou o policial.
Olhei em volta e vi policiais por todos os lados. Parecia coisa de filme. Mas não era. E eu sabia porque estava ali. Dois homens haviam invadido uma casa e “tomaram” os donos de reféns. Eles eram agora, de acordo com a policia, TOMADORES DE REFÉNS, não mais seqüestradores. Na época houve ampla discussão sobre este novo termo. Na verdade eram delinqüentes pessoas desajustadas e que deveriam ser detidas. A policia, que já estava na caça deles, logo cercou a casa. Quando viram que estavam cercados e que não poderiam sair, fizeram a exigência.
– Queremos a Imprensa para nos entregar! Só vamos sair na frente das câmeras. Das câmeras, ouviram?
– Certo! Vamos tentar contatar alguém da imprensa disse o policial.
Naquela noite havia saído à rua para gravar duas pautas jornalísticas, nada fora do comum. Então soube da invasão e dos reféns, e também da exigência dos bandidos. O editor responsável me chamou e explicou o que estava acontecendo e o que queria que eu fizesse.
- Você chega lá, se apresenta ao comandante do pelotão e grava sem se expor ao perigo. Eu já falei com o comandante e ele me colocou a par da situação. Disse a ele que mandaria uma equipe imediatamente. Portanto, Fique de longe, acende a luz, grave tudo o que puder. Deixe o resto com a policia. Eles querem é aparecer na telinha, fizeram a cagada e agora querem arrego. Eu tinha duas alternativas: aceitar ou não. Se não aceitasse, correria o risco de ser negligenciado para as próximas reportagens. Seria um profissional com restrições, e na minha profissão não poderia haver dúvidas ou incertezas, era pegar ou largar. Aceitei.
Cheguei ao local perto das duas da madrugada. Era uma noite fria de inverno e céu sem estrelas. O capitão quando me viu, já foi avisando; é gente perigosa e estão dispostos a matar ou morrer. Por favor, não se exponha. Eles só querem ganhar tempo e nós queremos prende-los. Fique aqui, ligue a sua luz e faça seu trabalho. Chame a atenção deles e assim que virem a movimentação, com certeza, se entregarão.
Liguei a câmera e a luz”e comecei a gravar.
A adrenalina tomava conta de meus atos. Por isto que o número de repórteres e cinegrafistas morrem em ação, principalmente nas guerras. E movido por este hormônio da coragem, consegui ficar bem próximo a cena. Só então vi os reféns. Focalizei a câmera na direção de um deles e todo o seu medo foi captado e gravado. Havia uma arma apontada para sua cabeça por um dos homens que ficará escondido pelas sombras.
Dei um giro completo pelo lugar, “uma panorâmica”, depois aproximei a imagem para mostrar bem a fisionomia de todos. Então escutamos a voz megafônica do capitão chamando pelos bandidos, ou seja, os tomadores de reféns .
_ Fizemos o que pediu. A televisão já esta ai, agora se entreguem e nada lhes acontecerá .
_ Você promete que nada nos acontecerá? Que podemos sair e que nenhum tiro será disparado.
_ Têm a minha palavra, falou o capitão.
_ Certo, espere um pouco! Disse um dos sequestradores.
Durante todo este diálogo não perdi uma só palavra.
Focalizei ora o capitão, ora o tomador de refém. Os dois homens na casa se olharam e um deles fez um aceno com a cabeça em minha direção.
_ Você esta gravando mesmo ai ? Perguntou.
_ Claro que sim!
Dito isto foi até a janela e gritou para fora.
_ Vamos sair, não atirem!
_ Soltem os reféns primeiro!. Depois saiam com as mãos para cima.
– Nada feito! Sem refém a gente se ferra. Vamos largar as armas primeiro, um de cada vez, depois soltaremos os reféns. Senti que aquele seria o momento culminante. Os bandidos largaram as armas e colocaram as mãos na cabeça e foram caminhando em direção à porta. Os reféns correram para o fundo da casa.
- Estamos nos entregando, a TV ta filmando tudo, largamos as armas, não atirem, a imprensa ta vendo tudo, não atirem, tamo saindo, na paz, numa boa.
Eles foram saindo e a policia os prendeu sem muito esforço. Depois filmei os reféns chorando e a policia entrando na casa para recolher as armas deixadas no chão.
Quando a noite foi novamente envolvida pelo silêncio da madrugada e que só os cães ladravam ao longe, foi que consegui respirar aliviado. Claro que temi que alguma coisa pudesse ter saído errado. Bandido quando sai para cometer algum crime, esta disposto a tudo, para ele tanto faz matar ou morrer. Neste caso a solução foi pacifica. E você telespectador, que certamente assistiu a estas imagens, e a outras, saiba que onde houver acontecendo uma noticia, haverá com certeza um Cinegrafista, profissional especializado em captar áudio e vídeo, sob qualquer circunstância, a qualquer hora, em qualquer lugar, independente se queiram ou não. Este é o meu trabalho. Honesto e digno, igual ao seu.


Adão Jorge dos Santos